sexta-feira, 11 de março de 2011

À espera de Sanfelice


Em 2004 eu estava no meu último ano do ensino médio, ainda não sabia o que faria direito na faculdade mas me lembro bem do crime que aconteceu no dia 12 de junho daquele ano. Um carro com o corpo de uma mulher carbonizada foi encontrado próximo ao Santuário das Mães, tudo indicava que o empresário e marido dela era o culpado.
Não dei muita bola para o crime e ele passou desapercebido sendo apenas mais uma fatalidade, entrei pra faculdade, comecei a cursar jornalismo e lá por 2006, quando eu estagiava na TVFeevale o julgamento do tal empresário, que agora eu podia ver o rosto de perto, Luiz Henrique Sanfelice, aconteceu no auditório do Prédio Lilás do Campus II. A partir daquele dia, quando acompanhei quase todo o julgamento, descobri que queria ser repórter policial.
Ele foi condenado, preso, foi pro regime semi aberto, e ninguém mais ouvi falar nele. Minha vida seguiu, como tinha de ser, e lá por 2008 todos se perguntavam, onde anda Sanfelice?
Depois de ficar alguns anos na Espanha ele foi encontrado e seria extraditado.
O que eu tenho a ver com isso? Tudo.
6 horas da manhã desta quarta-feira, de cinza que ironia, Sanfelice começa sua volta ao Brasil e eu me preparo para acompanhar cada detalhe em frente a Penintenciária Modulada de Montenegro.
Cheguei ás 7:30 no local, bem afastado na zona rural do município e ele só desembarcaria ás 9:30 no Salgado Filho.
Esperei.
Esperei quase 4 horas por Luiz Henrique Sanfelice, quem diria, pra quando ele chegar ouvir mais uma vez de sua boca que "não matou a Beatriz"!
Sinceramente, nessas horas sou a favor da prisão perpétua. Quem mata, ou manda matar, como acho que foi o caso dele – porque um empresário a sua altura não seria capaz de atirar e atear fogo contra a própria esposa, pagaria alguém fazer isso – deveria ficar preso até desafinhar na cadeia. Pois pior do que morrer é sofrer sozinho e calado.  
Sanfelice virou estrela. Rodiado por repórteres, câmeras e segurança máxima.
E a Bea, que segundo colegas do Grupo Sinos, era uma excelente profissional caiu no esquecimento.
Mundo injusto.
Justiça de mentira.

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